quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Gastem em educação, não em armas nucleares, pede o Papa Francisco


Vaticano, 10 Dez. 14 / 01:36 am (ACI).-
Apaz deve construir-se sobre a justiça e o desenvolvimento dos povos e
não sobre a ameaça nuclear, assinalou o Papa Francisco no discurso por
ocasião da Conferência sobre o Impacto Humanitário das Armas Nucleares,
no qual criticou que se gastem as riquezas das nações em detrimento da
educação, da saúde e da luta contra a pobreza.

A mensagem foi enviada para o ministro federal para a Europa, a
Integração e os Assuntos Exteriores da Áustria, Sebastian Kurz,
anfitrião do evento que termina nesta terça-feira.

Em sua mensagem, o Papa recordou que “as consequências humanitárias das
armas nucleares são previsíveis e planetárias e, enquanto que muitas
vezes nos centramos no potencial das armas nucleares para a destruição
em massa, deveríamos prestar mais atenção ao ‘sofrimento inútil’ causado
por sua utilização”.

“Os códigos militares e o direito internacional, entre outros, condenam
há muito tempo às pessoas que infligem sofrimentos inúteis. Se esses
sofrimentos são condenados durante uma guerra convencional, deveriam ser
condenados ainda mais no caso de uma guerra nuclear. Há alguns entre
nós que foram vítimas deste tipo de armas e nos advertem para não
cometer os mesmos erros irreparáveis que devastaram aos povos e à
criação”, assinalou.

“A dissuasão nuclear e a ameaça de uma segura mútua destruição
–advertiu- não podem ser a base para uma ética da fraternidade e
coexistência pacífica entre os povos e os Estados... É tempo agora de
contrapor a lógica do medo com a ética da responsabilidade, e assim
promover um clima de confiança e diálogo sincero”.

Nesse sentido, disse que “esbanjar em armas nucleares desperdiça a
riqueza das nações. Priorizar tal despesa é um erro e má destinação de
recursos que seriam muito melhor investidos nas áreas do desenvolvimento
integral, educação, saúde e a luta contra a pobreza extrema. Quando
estes recursos são desperdiçados, os pobres e os fracos que vivem nas
margens da sociedade pagam o preço”.

Francisco recordou que “o desejo pela paz, segurança e estabilidade é um
dos anseios mais profundas do coração humano, e está enraizado no
Criador que fez de todos os povos membros da mesma família humana. Esta
aspiração não pode ser satisfeita só por meios militares, e menos ainda
pela posse de armas nucleares e outras armas de destruição em massa”.

“A paz –assinalou–, deve construir-se sobre a justiça, sobre o
desenvolvimento socioeconômico, a liberdade, o respeito dos direitos
humanos fundamentais, na participação de todos nos assuntos públicos e
na construção da confiança entre os povos”.

“O Papa Paulo VI resumiu tudo isso em sua encíclica Populorum
progressio: ‘O desenvolvimento é o novo nome da paz’. Temos a
responsabilidade de empreender ações concretas que promovam a paz e a
segurança, estando sempre atentos ao limite que supõem os enfoques a
curto prazo dos problemas de segurança nacional e internacional”,
indicou.

Por isso, alentou os assistentes a estabelecerem “um diálogo sincero e
aberto entre as partes que estão dentro de cada Estado que tem armas
nucleares, entre os vários Estados que têm armas nucleares, e entre
estes e os Estados desprovidos de armas nucleares”.

“Este diálogo deve ser inclusivo, envolvendo as organizações
internacionais, as comunidades religiosas e a sociedade civil; deve
estar orientado para o bem comum e não à proteção dos interesses
especiais”.

“‘Um mundo sem armas nucleares’ é um objetivo partilhado por todas as
nações” e é a “aspiração de milhões de homens e mulheres. O futuro e a
sobrevivência da família humana exigem que consigamos ir para além deste
ideal e asseguremos que ele se transforme em uma realidade”, assinalou.

Etiquetas:
Papa Francisco, educação, Armas Nucleares







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